domingo, 19 de setembro de 2010

Quando os grandes acordam



Eric Luis Carvalho e Jéssica Maciel



Quando por razões diferentes Bahia e Sport trocaram de treinadores, muita gente desconfiou das chegadas de Márcio Araújo e Geninho. O primeiro, com um currículo que não empolgou o torcedor tricolor. O segundo, um velho conhecido da Ilha do Retiro, mas que talvez não fosse a solução para o momento ruim vivido pelo clube. O que se vê em campo hoje com Bahia e Sport mostra que as escolhas não poderiam ter sido melhores. Os gigantes nordestinos acordaram.

Em Campinas, Bahia e Ponte fizeram um jogo digno do equilíbrio desta Série B, principalmente quando estão em campo fortes candidatos ao acesso. Mas, o Bahia foi mais time, procurou a vitória o tempo todo e este diferencial tricolor passa pelas mãos de Márcio Araújo. Já no Recife, o Sport entrou desequilibrado, deixou o ASA de Arapiraca assustar, mas com acontecimentos polêmicos e principalmente com as mudanças de Geninho, o time conseguiu se ajeitar.

Ao final do jogo em São Paulo, Márcio Araújo falou sobre a partida de forma muito coerente e foi humilde ao dizer que está “apenas” dando continuidade ao trabalho de Renato Gaúcho. Justiça seja feita ao trabalho de Renato, mas o Bahia de Márcio é outro. O Bahia mudou e pra melhor. O time que venceu a Ponte Preta foi um Bahia que foi a frente, sem medo de ser feliz. Como na partida diante da Lusa no Canindé, o Bahia em momento algum temeu atacar o adversário, jogou como grande que é. 

O Sport de Geninho começou levando um susto logo no começo da partida, mas se tornou outro time quando Marcos Tamandaré do ASA foi expulso. Recebeu um cartão amarelo por segurar a bola, aos 10 minutos, e o outro por atrasar a reposição. Resultado: Expulso aos 16 minutos. Bom para o Sport, que percebeu que era a hora de se impor. 7 minutos depois da expulsão, pênalti do goleiro Paulo Musse no atacante Wilson. Marcelinho Paraíba cobra com precisão e abre o placar na Ilha do Retiro.

A bem arrumada Ponte Preta de Jorginho talvez tenha se surpreendido com a forma de jogar do tricolor. Depois do gol pontepretano de Reis, logo no começo do primeiro tempo, o Bahia dominou a partida, favorecido com a expulsão de um jogador da Ponte. No intervalo, Márcio colocou Morais no jogo e o domínio tricolor cresceu ainda mais. E aí entrou em cena, o jogador que vive a sua melhor fase no Bahia, Ávine. Muitas vezes contestado, quase sempre criticado, Ávine voltou a ser aquele garoto que ainda na base era apontado como uma das maiores jóias do tricolor. Com um belo chute de fora da área, o lateral deixou tudo igual. E de uma lateral para outra, Jancarlos, que chegou, assumiu a camisa 2 e se tornou um dos destaques do time, cobrando falta com perfeição, e virando o jogo para o Bahia. Golaço. Gol que colocou o Bahia na ponta da tabela da série B.

O Sport voltou morno no segundo tempo da partida. O ASA voltou a pressionar, causando um frisson nas arquibancadas rubro-negras. Mas o Sport conta com Magrão, que vive uma fase pra ninguém botar defeito. Renato, que fazia sua melhor partida, não parava de correr, colocava o time pra frente. Marcelinho Paraíba, que mesmo sem ser brilhante, foi muito efetivo, pedia paciência para os companheiros. Após uma cobrança de escanteio, bate-rebate na área, a bola sobra pra Igor, que havia acabado de entrar no jogo! Gol do Sport, ponto pra Geninho.

O momento do Bahia é excelente, a meta está traçada, e a união do grupo coroada com o apoio do torcida comprova que o tricolor está no caminho certo. A equipe rubro-negra conseguiu a 11ª partida consecutiva sem sentir o gosto amargo da derrota. Time esse que fugiu da zona de rebaixamento, hoje está há um ponto do G-4. Agora, tricolores e rubro-negros levantam as mãos pro céu e agradecem aos seus técnicos. Dia 25 tem mais, Nordeste. Sport x Bahia, na Ilha do Retiro. Clássico nordestino que vai fazer o Recife tremer. Geninho e Márcio Araújo, tão iguais e tão diferentes, irão se encontrar. Pelo bem do bom futebol nordestino!